Os sindicatos têm um papel insubstituível nas dinâmicas laborais, sendo natural, expectável e cada vez mais imprescindível, tudo fazerem pela melhoria dos contextos socioprofissionais dos trabalhadores, para os quais também concorrem as condições objetivas do seu trabalho no sentido de permitir que desenvolvam a sua atividade profissional com os recursos mínimos necessários e com a dignidade meritória que se espera.
Sabemos bem que muitos defendem que essas condições objetivas de trabalho não deveriam estar na agenda dos sindicatos, mas sim na agenda de quem governa e/ou de quem dirige internamente as instituições. Mas permitam-nos discordar por dois grandes motivos. Primeiro, porque quem governa e/ou dirige raramente tem a essa preocupação como prioridade e, segundo, porque quem sofre os impactos da falta de recursos, inclusive materiais, a todos os níveis, são sempre os mesmos… os trabalhadores que dão a cara, que são responsáveis diretos pelos resultados alcançados e a quem, não raras as vezes, pedem satisfações sobre os mesmos quando menos conseguidos.
Seria expectável que quem tem a responsabilidade de gestão, direção e/ou comando, especialmente numa Instituição pública de segurança como a PSP, alinhasse a sua conduta no sentido dessas condições serem garantidas juntamente com os recursos necessários e adequados para que o desempenho da missão possa ser cabal. Não podemos aceitar que, cada vez mais, se conformem apenas com o possível, abstendo-se de exigirem superiormente soluções, pelo menos com um empenho equivalente àquele com que exigem aos subordinados que façam mais com menos. Só assim, poderemos almejar a melhoria do serviço prestado, a tão apregoada valorização dos profissionais, à qual também corresponderá bom funcionamento da Instituição.
Todos sabemos que a tutela política não tem reforçado a PSP com os meios necessários, muito menos com os recursos humanos mínimos, e bem sabemos que isso se traduz numa menor capacidade de resposta às necessidades da sociedade do ponto de vista da segurança. Neste contexto, a ASPP/PSP tem-no denunciado, ao mesmo tempo que tem solicitado, inclusive ao Diretor Nacional e aos Comandantes, para que não exista qualquer branqueamento da realidade, no sentido de forçar a resolução dos problemas existentes a quem tem a tutela política – os problemas que não se sentem são problemas que não existem.
No quadro difícil em que nos encontramos, a missão sindical torna-se exigente e agrava-se quando alguns comandantes tem dificuldades em percecionar corretamente esse trabalho sindical, encarando as intervenções sindicais como uma afronta ao exercício de comando ou à sua capacidade de gestão, numa demonstração de mesquinhez ou carreirismo bacoco, ou ainda numa visão redutora da PSP, cingindo a sua preocupação à “sua quintinha”, para evitar assumir posições perante os seus superiores e/ou ser “chamado à pedra” por estes.
Pretende-se, portanto, que exista uma consciencialização, também de quem comanda, dirige e gere a PSP, aos vários níveis hierárquicos, para que saibam interpretar as denúncias por parte dos sindicatos, numa perspetiva de pressão política sobre quem tem a responsabilidade política, paralelamente a uma perspetiva de defesa do interesse público e do bom funcionamento da PSP onde se inclui naturalmente a melhoria das condições de trabalho para todos, inclusive dos próprios – não ostracizem os mensageiros, fortaleçam antes a mensagem.
Concluindo, a todos os que têm reservas e dificuldades de se exporem ou se associarem às lutas sindicais, por razões que agora não importa perscrutar, pelo menos abstenham-se de criticar quem não tem uma visão micro, redutora, ou meramente carreirista, e que não pretende, nem permite, branquear os difíceis contextos que se vivenciam diariamente na PSP e que prejudicam incompreensivelmente os polícias.
𝗦𝗲 𝗼𝘀 𝗣𝗼𝗹𝗶̀𝗰𝗶𝗮𝘀 𝘀𝗮̃𝗼 𝗼 𝗮𝘁𝗶𝘃𝗼 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝘃𝗮𝗹𝗶𝗼𝘀𝗼 𝗱𝗮 𝗣𝗦𝗣, 𝗷𝗮́ 𝗲́ 𝘁𝗲𝗺𝗽𝗼 𝗱𝗲, 𝗧𝗢𝗗𝗢𝗦, 𝗰𝗼𝗺𝗲𝗰̧𝗮𝗿𝗲𝗺 𝗮 𝘁𝗿𝗮𝘁𝗮́-𝗹𝗼𝘀 𝗰𝗼𝗺𝗼 𝘁𝗮𝗹.
𝘗𝘳𝘦𝘴𝘪𝘥𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘥𝘢 𝘈𝘚𝘗𝘗/𝘗𝘚𝘗
𝖠𝗋𝗍𝗂𝗀𝗈 𝖽𝖾 𝗈𝗉𝗂𝗇𝗂𝖺̃𝗈 𝖣𝖭
16 𝖽𝖾 𝖽𝖾𝗓𝖾𝗆𝖻𝗋𝗈 𝖽𝖾 2023